domingo, agosto 22, 2010

O medo de não esquecer


O amor eterno é o amor impossível.
Os amores possíveis começam a morrer
no dia em que se concretizam.

(Eça de Queiroz)


O filme que assisti hoje fez reaviver em mim o meu maior medo. O medo da velhice. O filme "Ao Entardecer", com Claire Danes, relata a história de uma mulher que no estágio final de sua vida volta ao passado para encontrar o verdadeiro amor de sua vida. Sim, eis o meu medo de envelhecer. Mas não pelos cabelos brancos ou pela pele enrugada... O que me aflige não é a fragilidade física, nem qualquer outra razão, que não seja o medo de ser sozinha. Ou pior, de amar pra sempre alguém que ficou  lá atrás, num passado distante, se perdeu em meio as voltas da vida. Viver de recordações, de lembranças desbotadas na memória. Viver para sentir a falta de alguém. Já vivi um amor que na verdade não teve vida. Simplesmente não teve a chance de ser concretizado, e isso, acredito, o tornou eterno. Como acreditava Eça, por ser impossível, se eterniza. A dúvida de nunca sabermos se teria dado certo ou não vai permanecer com a gente. "O nosso amor por ter sido interrompido nunca terá fim", eis o que me disse. Recordo de que, ao ouvi-lo, pensei exatamente no meu grande medo. O medo de não esquecer...