segunda-feira, junho 21, 2010

Apenas ilusão


"É difícil perder-se. É tão difícil que provavelmente arrumarei depressa um modo de me achar, mesmo que achar-me seja de novo a mentira que vivo".
(Clarice Lispector)

Hoje me sinto bem. Me sinto melhor que ontem. Acho que recuperei o fio que mantém meu equilíbrio interno, e que até então houvera sido roubado. Sim, não o perdi simplesmente, não desejei isso. Esse fio foi roubado por uma embriaguez involuntária, sensações de êxtase e promessas levianas. Me envolvi completamente com o som da melodia que me entoava, dancei sem receio de que os outros reprovassem meu ato de entrega. Não percebi que a música só eu ouvia. Só eu me deixei levar por toda essa magia inventada. Visitei solitária sonhos não vividos, encontros marcados que não aconteceram, beijos que não foram dados. Me perdi de mim mesma na esperança de encontrar a emoção de ser amada. Breve ilusão, apenas mais uma. Me refiz como de costume. Embrulhei a paixão em algum lugar dentro de mim, relembrei as metas que geralmente me motivam, e agora sigo com a sensação de ter ainda mais intenso o desejo de cumpri-las, como uma guerra a ser vencida. Eu devo isso a mim mesma. 

quinta-feira, junho 17, 2010

Insana saudade


"Que a saudade é o pior tormento
É pior do que o esquecimento
É pior do que se entrevar"
(Chico Buarque)

Saudade!
sei que não verás o que te escrevo,
mas preciso dizer mesmo assim
fingir pra mim mesma 
que de alguma maneira você possa saber o que sinto agora
Não devias ter feito isso com a gente!
Não devias ter sido assim tão determinado
em excluir toda possibilidade de contato
me excluindo assim da sua vida
dizer adeus foi difícil
sinto sua falta!
mesmo que eu só pudesse ver teu nome surgindo aqui, 
com a mensagem de que está online
e a impressão de estarmos num mesmo "lugar" ao mesmo tempo,
embora não nos falássemos, eu te sentia perto!
como uma ponte que eu pudesse atravessar e ir ao teu encontro
era assim que eu sentia
hoje eu só vejo o abismo entre nós
perdeu-se a ligação
o elo
não tenho como chegar até você

não sei se tenho esse direito
sei que nada esta sendo diferente do que decidimos
tinha mesmo que ser assim
você não nasceu pra mim, eu não nasci pra você
e ponto.
o único problema é afastar de mim essa ausência consentida
a saudade embaraça a razão
insana saudade...


quarta-feira, junho 16, 2010

Coincidências do coração.


Era a minha primeira aula do cursinho, o qual finalmente me matriculara. Depois de um certo tempo sem qualquer expectativa resolvi retomar meus estudos, e me sintia bem com isso. Me faz sentir viva, me entusiasma o mundo dos concursos. Acho que porque nos faz traçar metas, nos impulsiona para o buscar mais, e nos possibilita enxergar um futuro em que  se tenha mais dinheiro no bolso e menos preocupação.
A aula era de Língua Portuguesa  e a professora, lecionando sobre os elementos textuais de coesão-conexão,  trouxe um texto de Bertrand Russel. De logo o reconheci.  Tratava-se de uma autobiografia deste filósofo, entitulado de "minha vida". Lembrei emocionada de onde o havia lido pela primeira vez. O mesmo texto tem início com uma frase, que encontrei entre seus documentos pessoais no computador da minha prima que havia falecido há um pouco mais de um ano. Passaram-se 14 meses, é verdade. E como passa rápido um ano, é nessas horas que damos conta de que a nossa vida inteira além de frágil, é também muito curta. Nosso relógio de repente marca os ponteiros. A tal frase havia me chamado atenção e fiz questão de incluir no livro que seu pai produziu recentemente, em homenagem à ela. 
Eu não conhecia o autor, nem sua obra. Não sabia a continuação da frase encontrada, seu contexto. Naquela aula inaugural, com minha alma cheia de coragem para prosseguir na minha jornada, como eu havia prometido a ela que faria  logo passado o impacto de sua partida, eu fiquei sabendo. Eis o texto:   

Três paixões, simples, mas irresistivelmente fortes, governaram a minha vida: a ânsia de amar, a busca do conhecimento e uma insuportável compaixão pelo sofrimento da humanidade.
Essas paixões, como fortes ventos, têm me impelido de um lado para o outro, num caminho caprichoso, por sobre um profundo oceano de angústias, que chega à beira do desespero.
Primeiro procurei o amor, que trás êxtase – êxtase tão imenso que eu daria todo o resto da minha vida em troca de umas poucas horas desse prazer. Eu o procurei, também, porque ele ameniza a solidão – aquela terrível solidão na qual uma consciência em pedaços se paralisa nas franjas do mundo num insondável abismo frio e sem vida. Eu o busquei, finalmente, porque na união do amor eu vislumbrei, em mística miniatura, a suposta visão do paraíso que santos e poetas imaginaram. Isto foi o que procurei, e embora possa parecer demasiado bom para a vida humana, foi o que – finalmente – eu encontrei.
Com a mesma intensidade busquei o conhecimento. Desejei entender os corações dos homens. Eu quis saber por que as estrelas brilham. E tentei apreender o poder pitagórico que faz com que um número flutue por sobre o fluxo. Um pouco disso, não muito, eu consegui. Amor e conhecimento, tanto quanto foi possível, elevaram-me em direção ao paraíso.
Mas a compaixão sempre me trouxe de volta à Terra. Ecos de gritos e de dor reverberam no meu coração. Crianças famintas, vítimas torturadas por opressores, velhos desassistidos como um odioso fardo para seus filhos, e o mundo inteiro de solidão, miséria e sofrimento, fazem um arremedo do que a vida humana deveria ser. Eu desejo minorar o mal, mas não posso, e sofro também.
Esta foi a minha vida. Eu a entendo como uma vida digna, e prazerosamente a viveria outra vez se uma oportunidade me fosse dada”
 Eu passei a aula toda imaginando o que minha prima havia achado  destas palavras. E encontrei a resposta. Ela se identificou com essas paixões porque as mantinham em sua vida, tanto que as guardou para si. Naquele dia estudando minuciosamente esse texto em sala, eu podia vê-la em cada linha, em cada parágrafo. Ela tinha um imenso amor à vida! Sabia ser feliz, em todos os aspectos de sua vida breve.  Tinha o coração cheio de amor; soube amar e ser amada. Era sensível por demais aos problemas do próximo e do mundo.  Tinha sede de saber. Não digo isso com lentes de aumento. É bem verdade que a saudade gigante que sinto transcende qualquer razão, mas, afirmo, não acrescento um só crédito à sua existência pelo fato dela não estar mais aqui hoje. Ela sempre foi um espelho pra mim, embora fosse um ano mais nova que eu. Com ela eu pude aprender  de coisas simples como dar o laço no tênis à como viver sem medo de ser feliz. Ela assim como o poeta viveria prazerosamente uma outra vida se tivesse como. Ah, se houvesse essa chance! lembro que pensei comigo.
De alguma forma eu a senti naquelas horas. Ela estava presente em mim. Não escondo a sensação de tê-la perto. Senti por um momento que aquele texto tivesse sido programado por ela para mim. Coincidência ou não, uma voz me dizia: "Estou feliz por recomeçar!" Sei que é isso que ela esperaria de mim, e é isso que tento perseguir até hoje, e vou continuar perseguindo até o fim.

quinta-feira, junho 10, 2010

Viver pela metade não é viver

Hoje acordei sem saber. Sem saber o que fazer, como agir em relação a um certo alguém. Como me envolver sem me envolver muito? Certo que eu tenho minhas teorias malucas de afastar de mim toda situação que pareça capaz de me tirar o juízo. Certo que eu tento controlar emoções, na esfera do amor, em detrimento do meu instinto de autoproteção que me diz o tempo todo: Cuidado! Eu tento, é bem verdade, não me envolver, não sentir, não querer, embora, frise-se, eu nunca obtenha êxito. Mas o que eu não compreendo é como pode alguém tentar sentir e não sentir, querer e não querer. Não faz sentido. Ou é uma coisa ou outra, ou se envolve ou não. Viver algo pela metade pra mim não é viver. Pensei de imediato em desistir desse alguém. Decidi e até me propus a ser dessa maneira sem sentido. Não telefonar quando tiver vontade, não dizer que tenho saudade quando bater aquela falta de estar junto, não chamar de meu lindo, meu chatinho, ou qualquer coisa que seja só pra chamá-lo de "meu", enfim, não me deixar envolver. Nunca fui de me empenhar em conquistar alguém. Sempre costumo ser a que é conquistada, aquela a que se tem de persuadir, de demonstrar que vale a pena. Percebendo isso, percebo também que talvez essa tenha sido a causa de tantos relacionamentos fracassados no meu histórico de vida. Eu nunca lutei por alguém. Nunca corri atrás do que parecia perdido. Era mais fácil levantar a bandeira do amor próprio, e assim desistir do que eu estava sentindo. Hoje me vem novamente o dilema de querer conquistar ou esquecer. Apesar de que está claro pra mim que toda essa história é só fachada. Ou ele está envolvido, e não quer admitir pra si mesmo, ou não está, e então sou eu quem está sendo enganada. Ele talvez só esteja cansado de ser ele mesmo, de ser dado às emoções, como mesmo transpareceu. O fato é que eu não estou muito disposta a esperar ele se resolver consigo mesmo, não sei se vou comprar esse desafio de fazê-lo decidir o que realmente quer. EU TENHO PRESSA DE VIVER!
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terça-feira, junho 08, 2010

É tempo de travessia...



Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas que já têm a forma do nosso corpo e esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia, e se não ousarmos fazê-la, teremos ficado para sempre a margem de nós mesmos.


(Fernando Pessoa)
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Escolhi esta frase para começar a escrever o que me inquieta há um tempo. O medo de seguir em frente, de abandonar certas manias, certas formas de viver. As vezes ainda me vejo uma menina presa às suas bonecas antigas... Não consigo me livrar da comodidade de ter alguém que seja responsável por mim, por meus atos. Não consigo impor a mim mesma decisões, limites. Acabo desrespeitando-os, achando que posso adiar atitudes. Não, sei que não posso. A vida é uma só, e ela não nos permite viver pela metade, não nos permite viver de ensaios. É preciso arriscar, é preciso partir o coração se necessário para seguir o caminho que deve ser seguido, que foi escolhido por mim. É preciso perseguir dia a dia o objetivo maior , que é a própria felicidade. E não se pode confundi-la com prazeres efêmeros, com emoções passageiras, que num instante nos dá a sensação de liberdade, de estar sendo amada, mas que em outro nos massacra com as prisões da dependência, ou com a solidão. É difícil a travessia. É difícil assumir o rumo de nossas vidas. Por um tempo eu fugi de mim mesma, decidi me dar um "intervalo de vida". Depois de uma grande perda e uma ferida enorme no meu peito eu achei que merecesse um tempo pra mim, um tempo sem me importar com o mundo lá fora. Talvez eu só tenha desistido de seguir. Cansado de percorrer essa jornada, que embora maginifíca, às vezes é desprovida de nenhum sentido. E não me interessei por nada que me fosse interessante. Leitura, direito, noticiário... Nada. Adiei minhas preocupações com carreira e futuro.Vivi sem viver. Hoje eu percebo que mais cedo ou mais tarde temos que enfrentar nossos medos, nossas feridas, e que a vida não espera os intervalos que damos a nós mesmos. Ela (a vida) não pára. Não devemos perder o ânimo de se levantar em cada tropeço, porque viver sem viver não vale a pena. Mesmo que seja difícil prosseguir, mesmo que seja difícil fazer a travessia, ela deve ser feita. É assim que tem que ser... Coragem!
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domingo, junho 06, 2010

Só com o coração se vê direito


Não devemos deixar as pessoas passarem simplesmente nas nossas vidas. Elas devem permanecer, de alguma forma. Principalmente se forem pessoas especiais. E falando nisso, reside aí um questionamento que sempre me vem à mente. O que é ser especial? Porque alguém pode ser especial pra você, e outra com as mesmas qualidades, aparentemente, não ser. O que define isso? Difícil dizer... talvez não haja explicação. Acho que tem a ver com aquela clássica historinha O Pequeno Príncipe (Exupery), "é só com o coração que se pode ver direito; o essencial é invisível aos olhos". De um sorriso ou olhar, de um gesto de atenção ou gentileza. De um abraço despretencioso, ou um dar-se as mãos. De um quase nada pode surgir um carinho, uma afeição. Então a pessoa já se torna especial, porque foi "domesticada" ou simplesmente porque foi capaz de cativar.
Trancrevo aqui uma passagem do livro O Pequeno Príncipe. Um livro que não deve ser lido apenas quando criança, mas quando criança, quando adulto e sempre que se quiser ser tocado em seus sentimentos mais puros. Aí está:
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“E assim o pequeno príncipe domesticou a raposa. Enquanto se aproximou a hora da partida dele...
- Ah – disse a raposa – vou chorar.
- A culpa é sua – falou o pequeno príncipe.
- Eu nunca lhe desejei mal algum, mas você quis que eu o domesticasse...
- É verdade – concordou a raposa.
- Mas agora vai chorar – disse o pequeno príncipe.
- É verdade – repetiu a raposa.
- Então não lhe adiantou nada!
- Isso me faz bem – declarou a raposa – por causa da cor dos trigais. – Depois acrescentou: - Vá olhar para as rosas de novo. Agora você há de entender que a sua rosa é única no mundo. Depois volte para se despedir de mim, e eu lhe darei de presente um segredo.
O pequeno príncipe foi embora para olhar as rosas de novo.
- Vocês não são nada como a minha rosa – disse ele.
- Por enquanto, não são nada. Ninguém as domesticou, e vocês não domesticaram ninguém. Vocês são como a minha raposa, quando a conheci. Era uma raposa como mil outras. Mas, eu a tornei minha amiga, e agora ela é única no mundo todo.
E as rosas ficaram muito encabuladas.
- Vocês são belas, mas são vazias – continuou ele.
- Não se poderia morrer por vocês. É verdade, quem passasse distraído acharia que a minha rosa é igualzinha a vocês... a rosa que me pertence.
- Mas ela, em si, é mais importante do que todas as centenas de vocês outras rosas; porque foi ela que eu reguei; porque foi ela que pus sob uma cúpula de vidro; porque ela é quem eu abriguei atrás do biombo; porque foi por ela que mandei os lagartos (a não ser duas ou três que salvamos para serem borboletas); porque a ela é que escutei, quando se queixava ou se gabava ou, às vezes, até quando não dizia nada. Porque ela é a minha rosa.
E ele voltou para ver a raposa.
- Adeus – disse ele.
- Adeus – disse a raposa. – E eis o meu segredo, um segredo muito simples. É só com o coração que se pode ver direito; o essencial é invisível aos olhos.
- O essencial é invisível aos olhos – repetiu o pequeno príncipe, para não deixar de se lembrar.”

Ainda é tempo


Quando a nossa vida não está como achamos que deveria ou que merecíamos, é bom olhar um pouco para o que está do nosso lado. Há uns dias eu visitei um abrigo de idosos em Jucurutu/RN, minha cidadezinha do interior ;). Achei que estaria fazendo um bem aquelas pessoas, mas saí de lá renovada. Percebi que recebi muito mais do que dei. Ver o brilho nos olhos deles! um brilho de contentamento por estar recebendo uma visita/atenção de uma jovem com a vida toda pela frente, o que é raro de acontecer... Muitos deles com filhos, familia, mas que se perderam no caminho. Solidão, é o que eles sentem. Muito triste!! Um beijo, um abraço e eles já abrem aquele sorriso... quão engrandecedor! Sem contar dos conselhos que recebi, principalmente das mulheres. Conselhos pra casar com um bom homem, e ter muitos filhos... Percebi que devemos dar valor a vida no momento presente. Viver o hoje com todas as forças, porque não sabemos como será nosso amanhã. Se as coisas não vão como gostaríamos, então coragem! Coragem pra mudar, ainda é tempo.
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Loucuras de mim...

Estou confusa hoje. Na verdade estar confusa é algo que acontece quase que frequentemene no meu cotidiano. Suponho ser insegura. E ao afirmar isso percebo que essa também é uma peculiaridade minha fruto de muitas decepções e expectativas frustadas. Não fui uma pessoa muito fácil em se tratando de relacionamentos. Não tive muita sorte no amor. 'Talvez eu não tenha nascido para isso', as vezes chego a pensar, admito. Essa constatação acaba influenciando no que sou hoje, no meu agir diante de certas situações. Tento controlar tudo isso. Aliás, passo muito tempo da minha vida tentando controlar emoções, sentimentos, atitudes, embora na maioria das vezes eu nunca consiga. Mas tentar me proteger de alguma forma por si só já me tranquiliza. Já me faz sentir ser uma pessoa sensata. Loucuras de mim...

sábado, junho 05, 2010

O porquê do Blog

Ainda não sei bem o porquê do blog. Talvez eu sinta uma necessidade de expressar em palavras tudo que sinto, que percebo acontecer na minha vida e também ao meu redor. Gosto de definir em palavras certos pensamentos e acontecimentos do meu dia. Acho que escrever é uma boa forma de autoconhecimento, além de ser uma perfeita ferramenta para a comunicação, principalmente a comunicação com alguém que se ama, que se quer bem, e muitas vezes não sabemos demontrar cara a cara. Seja por medo de não ser correspondida ou simplesmente pelo receio em se expor, se mostrar sem nenhuma máscara. Enfim, escrever nos dá a possiilidade de escolher bem as palavras, apaga aqui, conserta ali... e assim as chances de sermos mal interpretados diminui consideravelmente. O falar, ao revés, requer muito cuidado. Nem sempre conseguimos traduzir fielmente o que se quer dizer, e acabamos muitas vezes passando uma imagem que na realidade não temos, não somos, não sentimos. Esse blog será o lugar em que poderei ser eu mesma; em que poderei reconhecer em mim minha fragilidade, meu melhor, meu pior. Acredito que será válido repassar pra cá todas as confusões de pensamentos e sentidos, toda a minha dualidade, as minhas facetas, embora eu corra o risco de ser supervisionada por alguém, em algum lugar do mundo. A internet e sua capacidade de reduzir distâncias, de permitir o invadir o que é íntimo... mesmo assim, corro o risco. Meu mundo particular se descortina aqui nesta página. Só não se perca ao nele entrar, como soa a canção de Marisa Monte.
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