domingo, dezembro 18, 2011

Deus em mim.

''Nem a morte, nem a vida, nem anjos, nem principados, nem coisas presentes, nem futuras, nem potestades, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura nos poderá separar do amor de Deus'
(Romanos 8, 38-39)
Eu sempre tive a certeza de não estar sozinha. Sempre havia alguém com quem eu poderia confiar meus segredos mais ocultos. Alguém que, seja qual fosse meu erro ou defeito, estaria dado a me compreender e me aceitar. Esse alguém que me serviria de escudo para as dores do mundo, os problemas do mundo. Alguém para quem pudesse pedir qualquer coisa sem achar que estava pedindo além do que ele fosse capaz de dar. Mas na verdade, não era sempre que eu enxergava Deus como o enxergo hoje. Interessante olhar pra trás e ver que a nossa fé amadurece. Você não só sente, como vê e acredita ser Ele uma força real, concreta. Deus passa a ser, além daquele nosso amiguinho imaginário com quem possamos sempre contar, uma certeza. Incrivelmente poderosa. Ele existe de verdade. E o mais forte disso tudo é que Ele nos ama. O amor de Deus é gratificante, e desconcertante, as vezes. No momento em que até você mesmo se odeia, Ele te acolhe. Quando você acha que não merece sequer um olhar de Deus, Ele te abraça. E quando você não tem forças ou acha que não tem saída, Ele envia sinais do seu amor. Te mostra as janelas. É então que a gente levanta. Enche o peito de esperança. E vai. Segue maior. Segue em dois.

quinta-feira, dezembro 15, 2011

Desisto do amor.



Tenho pra mim que desistir de algo é sinônimo de fraqueza, de incerteza, ou ausência de determinação. E ao mesmo tempo é preciso coragem pra desistir. Coragem pra aceitar seus erros, e coragem pra tentar algo novo, que te faça sentir melhor. Sempre simpatizei com a frase que diz ''não importa até onde tenha trilhado o caminho errado, volte''. O problema é pensar que os motivos que te levaram a não continuar não é propriamente a convicção de uma direção errada, mas o medo de lutar. Medo de continuar ali naquele caminho cujo destino final é tão desconhecido. O medo nos paralisa. Nos imobiliza, impedindo de ver com a razão. Acabamos nos questionando sobre a autenticidade das decisões que nos levaram até onde estamos. Seria tão mais fácil se soubessemos aonde chegariamos ao decidir. Mas a vida é mesmo assim. Não há como conhecer as consequencias das nossas escolhas seja qual for ela. O fato é que qualquer caminho que seguirmos será da mesma forma estranho, até mesmo aquele que deixamos pra trás. Não podemos parar, e seguir outro rumo, toda vez que o futuro nos amedronte. Assim não chegaremos a lugar nenhum. Assim ficaremos estagnados pra sempre.

Comecei esse post pensando em falar do amor, e da minha decisão de desistir dele. Acabei falando do medo que eu tenho de desistir do caminho que adotei pra chegar no meu destino. No fundo eu acredito que meu destino está traçado e eu apenas tenho que escolher a forma de chegar até ele, de merecê-lo. Como forma de afastar esse bixo papão da minha vida adulta - o medo - deixei-me levar pelas palavras. Mas no amor... não sei. Não sei se temos escolha a fazer, essa é a questão. Não é que eu esteja desistindo dele, é que não escolhemos amar. O amor, num sentido estrito da palavra, não é provocado. Ele surge, autonomamente. Age de ofício. Vem, e vai, sem aviso, sem permissão. Não posso lutar contra isso. Não posso me esforçar em amar alguém que aparentemente seja apto a suprir os ''requisitos''. Esses que a gente imagina que alguém deve ter pra ganhar nosso amor. Como se o nosso amor fosse comprado por atributos físicos ou extrafísicos. Virtudes, por si só, não é suficiente para o amor. Ele, o amor, as vezes surge por alguem que tem tudo pra não ser amado. As vezes, esse alguém é o avesso do seu príncipe encantado. Não importa se ele não anda em forma, se é mais baixo, se não toca violão, se curte um samba ou rock pesado. Não interessa se ele não gosta das mesmas coisas que você, ou se não sabe usar bem as palavras, porque o que importa mesmo é o que ele te faz sentir. Se ele, com todos seus defeitos malucos, provoca em você sensações que nunca sentiu antes. É aí quando o amor resolve fazer morada em você. Então, não faz sentido ficarmos procurando qualquer indício de sua chegada, porque ele só dá sinais quando já se instalou, quando já existe. Nada que fazemos, por mais que tentemos, irá antecipar sua vinda. Não adianta procurar, perder dias valiosos, pensando uma maneira de provocá-lo. Por isso eu digo: desisto do amor. Até o dia em que ele virá ao meu encontro.

terça-feira, dezembro 06, 2011

Caminhando entre caminhos.



Me sinto tão ausente de mim mesma, ultimamente. Como se eu estivesse em outro corpo qualquer que não o meu. Vivendo uma vida alheia que poderia ser a minha se não fosse tantos "e se". Meio perdida, sabe?! sem saber direito se fiz as escolhas certas, se estou no caminho que vai me levar ao que imaginei pra mim...Perdida bem ali, no meio desse caminho. 
Me sinto como uma criança que por impulso deixou sua casa e diante daquela floresta imensa, cheia de possibilidades, simplesmente foi andando, andando.. até que se deu conta de que não sabia aonde iria chegar, e se chegaria em algum lugar, ao passo que também não conhecia o caminho de volta. 
Me vejo lá naquele ponto de transição entre o que era e o que será. E o mais engraçado é que no fundo eu sempre convivi com essa sensação. Como se minha vida toda fosse apenas uma espera. Sempre o por vir e nunca o então. Talvez eu tenha me tornado refém de mim mesma e desse medo que eu tenho de viver o agora sem demora. Pensar só no momento presente e me sentir feliz com isso. Sem planos sem expectativas. Sò viver de verdade e não apenas viver. As vezes eu só queria ser como uma criança. Ter o direito de simplesmente parar e me permitir ser encontrada. 
...

Resolvi reservar um tempinho do meu dia pra vir até aqui, despejar todas essas sensações fantasmas, com o fim de talvez me encontrar, ou entender. Entender, como disse Clarice Lispector, um pouquinho, ou pelo menos entender que não entendo. Ou só esvaziar qualquer carga negativa que me impeça de tentar, mais e mais, quantas vezes for.
Me terapiando. acho que é isso. No divã comigo mesma. Espero que no fim eu me encontre.