quinta-feira, dezembro 15, 2011

Desisto do amor.



Tenho pra mim que desistir de algo é sinônimo de fraqueza, de incerteza, ou ausência de determinação. E ao mesmo tempo é preciso coragem pra desistir. Coragem pra aceitar seus erros, e coragem pra tentar algo novo, que te faça sentir melhor. Sempre simpatizei com a frase que diz ''não importa até onde tenha trilhado o caminho errado, volte''. O problema é pensar que os motivos que te levaram a não continuar não é propriamente a convicção de uma direção errada, mas o medo de lutar. Medo de continuar ali naquele caminho cujo destino final é tão desconhecido. O medo nos paralisa. Nos imobiliza, impedindo de ver com a razão. Acabamos nos questionando sobre a autenticidade das decisões que nos levaram até onde estamos. Seria tão mais fácil se soubessemos aonde chegariamos ao decidir. Mas a vida é mesmo assim. Não há como conhecer as consequencias das nossas escolhas seja qual for ela. O fato é que qualquer caminho que seguirmos será da mesma forma estranho, até mesmo aquele que deixamos pra trás. Não podemos parar, e seguir outro rumo, toda vez que o futuro nos amedronte. Assim não chegaremos a lugar nenhum. Assim ficaremos estagnados pra sempre.

Comecei esse post pensando em falar do amor, e da minha decisão de desistir dele. Acabei falando do medo que eu tenho de desistir do caminho que adotei pra chegar no meu destino. No fundo eu acredito que meu destino está traçado e eu apenas tenho que escolher a forma de chegar até ele, de merecê-lo. Como forma de afastar esse bixo papão da minha vida adulta - o medo - deixei-me levar pelas palavras. Mas no amor... não sei. Não sei se temos escolha a fazer, essa é a questão. Não é que eu esteja desistindo dele, é que não escolhemos amar. O amor, num sentido estrito da palavra, não é provocado. Ele surge, autonomamente. Age de ofício. Vem, e vai, sem aviso, sem permissão. Não posso lutar contra isso. Não posso me esforçar em amar alguém que aparentemente seja apto a suprir os ''requisitos''. Esses que a gente imagina que alguém deve ter pra ganhar nosso amor. Como se o nosso amor fosse comprado por atributos físicos ou extrafísicos. Virtudes, por si só, não é suficiente para o amor. Ele, o amor, as vezes surge por alguem que tem tudo pra não ser amado. As vezes, esse alguém é o avesso do seu príncipe encantado. Não importa se ele não anda em forma, se é mais baixo, se não toca violão, se curte um samba ou rock pesado. Não interessa se ele não gosta das mesmas coisas que você, ou se não sabe usar bem as palavras, porque o que importa mesmo é o que ele te faz sentir. Se ele, com todos seus defeitos malucos, provoca em você sensações que nunca sentiu antes. É aí quando o amor resolve fazer morada em você. Então, não faz sentido ficarmos procurando qualquer indício de sua chegada, porque ele só dá sinais quando já se instalou, quando já existe. Nada que fazemos, por mais que tentemos, irá antecipar sua vinda. Não adianta procurar, perder dias valiosos, pensando uma maneira de provocá-lo. Por isso eu digo: desisto do amor. Até o dia em que ele virá ao meu encontro.

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